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Roberta Abdanur

SOS Méditerranée, Semana dos Direitos Humanos 2021 em Genebra

A Semana dos Direitos Humanos (SDH) é um evento organizado pela

Universidade de Genebra em parceria com a Geneva Academy of International

Humanitarian Law and Human Rights, o Departamento Federal de Relações

Exteriores, a República e Canton de Genève e o Alto Comissariado das

Nações Unidas para os Direitos Humanos.


É uma plataforma não só de reflexão, mas também de debate público e

promoção de ações concretas, para a sociedade civil ou organizações que

se mobilizam em defesa dos direitos humanos e para especialistas que

dedicam suas pesquisas ao tema.


No post de hoje, Roberta Abdanur, parceira e professora da VV, traz para a

gente o que rolou essa semana. Roberta está em Genebra e representa a VV

em diferentes paines e palestras.


Todos os dias, uma média de quatro pessoas perdem a vida no Mar Mediterrâneo tentando fugir da Líbia, sobretudo pessoas vindas do países do Sahel. Desde o início deste ano, milhares de pessoas morreram no Mediterrâneo central de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Por trás desses números, esconde-se uma realidade dramática: a de uma crise humanitária bem às portas da Europa.


Confrontados com tal situação, os Estados do continente europeu muitas vezes fecham os olhos para esta realidade, deixando as questões humanas para um segundo plano e ignorando as suas obrigações legais. Afinal, ajudar pessoas em perigo não é apenas um imperativo humanitário, mas também uma obrigação legal consagrada no direito internacional.


No âmbito da Semana dos Direitos Humanos 2021, SOS Méditerranée e a Universidade de Genebra deram voz a quem vivenciou esta realidade ou para quem está ainda tenta enfrentá-la. Sobrevivente, profissionais humanitários e acadêmicos compartilharam suas suas perspectivas, seus testemunhos e suas propostas de soluções.


A discussão contou com a presença de:

  • Laurence Bondard, membro da tripulação do navio de resgate Ocean Viking

  • Roberto Forin, Coordenador do Programa Global, do Mixed Migration Centre

  • Dra. Julie Franck, Professora da UNIGE, coordenadora do curso "Visão interdisciplinar sobre migração forçada"

  • Dra. Caroline Abu Sa’da, Diretora Geral, SOS MEDITERRANEE Suíça

  • Selemawit Kidane, refugiada da Eritreia, sobrevivente da travessia do Mediterrâneo

  • Prof. Nicolas Levrat, Presidente da Semana de Direitos Humanos e Diretor do Global Studies Institute, UNIGE

  • Philéas Authier, jornalista, RTS


A história de Selemawit Kidane


O depoimento de Kidane foi de grande impacto e motivo de reflexão sobre os princípios humanitários em relação a migração forçada. Mãe de dois filhos, cujo marido que era do exército na Eritreia faleceu, deixou o país em 2015, levando a sua filha de três anos, Rahewa. Ela teve que deixar seu filho mais velho, Selihom, então com oito anos, porque crianças com mais de cinco anos não tinham permissão para deixar o país. A avó materna cuidaria de suas necessidades, esperando para ser reunida mais tarde. Recebeu um visto de saída de trinta dias do governo para a sua filha e viajou para o Sudão, ela conta, emocionada, “não cumpri o prazo e não me atrevi a regressar à Eritreia por medo das represálias de que o regime é capaz, eu não tive escolha’’.


Ela então, após sair do Sudão, viaja para Líbia para atravessar o Mar Mediterrâneo com sua filha. Durante a espera para embarcar, ela conta sobre o inferno na terra que foi o seu período na Líbia, ‘‘em troca de alimentação para a minha filha, fui violentada pelo então contrabandista da embarcação, ninguém deveria passar pelo o que passamos’’. Em julho de 2015, ela solicitou asilo na Suíça para ela e Rahewa. Em seguida após tantos tramites jurídicos, o pedido de reagrupamento familiar foi aceito no ano passado, com o apoio da Caritas Suíça. Selihom, seu filho mais velho veio para a Suíça.


Apesar desses obstáculos, ela nunca desiste. Chegando quase analfabeta à Suíça, ela demonstrou grande motivação para aprender francês desde o início e conseguir emprego, e ressalta que a sua maior aspiração era de recomeçar uma nova vida e trazer o seu filho.

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